Nos últimos meses, estive ensinando Yoga em países culturalmente diferentes (Portugal, Noruega, Tailândia e Estados Unidos), mas em todos eles o que me chamou a atenção foi o número de alunas que estavam com dificuldades para engravidar. Eram mulheres entre 30 e 40 anos, todas bem-educadas, bem-sucedidas e sem nenhum problema aparente ou diagnosticado.
Algumas estavam com medo de praticar, de usar seus corpos até que uma me contou que quando ovulava nem se levantava da cama. Todas tentaram diferentes tratamentos naturais de fertilidade, como acupuntura, ervas, dietas etc.
Enxergo que nós mulheres hoje vivemos com um esforço mental, com obrigações, objetivos e "necessidades" materiais. Dessa forma nossa energia se volta para fora e perdemos nossa conexão interna e a intuição, que é muito poderosa.
Passamos um longo período, aproximadamente dos 20 aos 30 anos, com um estilo de vida demasiado masculino, focado no trabalho. Isso sem falar no uso regular de remédios contraceptivos, regimes exagerados, uma vida de pouca gordura no corpo.
Na época de nossos pais, primeiro se encontrava um parceiro, depois vinha o casamento e os filhos e assim a vida começava, em busca de conforto e paz. Hoje, as mulheres primeiro querem ganhar dinheiro suficiente para dar ao bebê tudo que ele "precisa": uma casa ideal, carro grande, quarto decorado e brinquedos eletrônicos. O marido passou a ser opcional, já que a mulher se preocupa em providenciar todas as necessidades e hoje existe fertilização in vitro. Tiramos do homem parte de seu poder: o de provedor e protector. Tomamos mais essas responsabilidades para nós, é Kali Yuga em sua forma mais pura.
Ao contrário do que as mulheres possam pensar, um corpo saudável deve ser activo fisicamente. A mulher deve praticar, caminhar, estar perto da natureza, manter uma alimentação saudável e o mais orgânica possível. A prática de Yoga, além de acalmar a mente ansiosa, ajuda a regular os hormônios e a manter o corpo livre de toxinas.
A prática também nos ajuda na conexão com nossa natureza, nos livramos um pouco de todas as exigências da sociedade e medos que normalmente chegamantes da maternidade. O Yoga e a meditação ajudam a equilibrar o corpo como um todo, tirando um pouco a energia da mente e espalhando pelo resto de nosso ser,nos permitindo enxergar nossas reais necessidades e ouvir nossos desejos verdadeiros.
Lea Perfetti nasceu e cresceu numa pacata cidade de Up State, NY. Foi atleta de competição desde muito cedo. Começou a praticar Yoga em 2001, quando estudava Biologia e Estudos da Mulher na universidade de Syracuse, Nova York. Estudou em Mysore com Pattabhi Jois e R. Sharath de 2003 até 2008. Lea viveu cinco anos na Espanha, tendo ensinado em várias escolas. Atualmente dá aulas em Nova York, Portugal, Noruega, Tailândia e Espanha. Lea é apaixonada por maternidade, alimentação orgânica e natureza e tem dedicado seus últimos anos ao estudo da relação entre a prática do Yoga e a maternidade, assim como no desenvolvimento da intuição feminina, assentes num estilo de vida saudável, conectado com os elementos e com a natureza.
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ReplyDeleteLea, muito interessante! Um ponto de polemica com as femenistas fanaticas e que sempre gera um pouco de atrito sao os meus pontos de vista sobre a mulher e a feminidade. Nao sei se a mulher lutou pelos objectivos certos. Acho que o movimento feminista ve a liberdade total da mulher copiando tudo o que os homens faziam e nos era renegado e foi ai que se perdeu a luta. A liberdade da mulher, no meu ponto de vista, nao vem na capacidade de ser IGUAL ao Homem, mas no respeito da DIFERENCA de ser mulher. Nao somos iguais e copiar um estilo de vida masculino, nos torna escravas de um modelo social patriarquico e nao equalitario. Somos diferentes, com ritmos de vida e biologicos diferentes, necessidades diferentes e e' esse direito a' diferenca que temos todas que cultivar. A obcessao com a carreira profissional, os bens materiais, o ter isto para um dia conquistar aquilo nao faz sentido. Acho muito triste a quantidade de mulheres que mal teem tempo para ver seus filhos, pois o principal objectivo e' provar o que podem alcancar no trabalho, esquecendo que os lacos humanos, especialmente entre maes e filhos e' dos mais profundos que existem e esses sim, devem ser cultivados ao maximo. O dia em que a Mulher busque o direito a' diferenca e nao a' igualdade, estaremos na direcao certa! xoxox Yara
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